Era texto. Ele a amou primeiro em texto, como a musa inspiradora de grandes olhos azuis. Ela se apaixonou pelo que ele escrevia. E os dois se amaram em letras, em parágrafos, em pontos, em vírgulas, em exclamações e em beijos de mentirinha.
Um dia, eles decidiram que o amor não cabia mais em papéis e páginas de computador: o amor cresceu, cresceu, cresceu... e de tão grande, pulou fora do imaginário dos dois; agora ele era praça, cinema, pipoca, chuva e guarda-chuva, beijos e petit-gateau aos domingos.
O garoto descobriu que a amava de todas as formas e jeitos e em todos os momentos: amava todas as palavras tímidas que ela dizia, o jeito que ela levanta a sobrancelha, todos os suspiros asmáticos, e amava o jeito dela descer escadas.
Então eles namoraram e foram felizes. Mais que felizes: eles pensavam da mesma forma e riam da mulher que os tratavam mal. Para ele, isso era o amor.
Mas tudo chega ao seu final. E o fim do amor deles chegou.
Tudo acabou: o namoro, os beijos acabaram, as segundas-feiras juntos acabaram, o filme acabou, a felicidade, o mundo. E o que sobrou? O texto, pois é só isso que ele sabe fazer. Ele é texto, é crônica.
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