sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Sorte

É quando o tempo parece correr, quando tudo a sua volta não faz mais sentido. É nessa hora que você começa a se perguntar quem você é e o que você está fazendo aqui. Você então percebe que você foi o resultado da sorte. Sorte uma pessoa um dia encontrar sua mãe e a engravidar. No mesmo dia, ou meses, anos depois. Sorte você ser o espermatozóide mais rápido. Sorte você não morrer nos três primeiros meses de existência, porque sua mãe estava enfrentando uma gravidez de risco. Sorte maior ainda foi você nascer, vir ao mundo, respirar pela primeira vez sozinho, sorrir pela primeira vez, ser a causa do sorriso de alguém, pela primeira vez. Sorte você crescer e aprender a andar, falar, escrever, ler. Muita sorte você ter se formado na escola, ter entrado numa faculdade, ter conseguido um emprego. Sorte maior é você conhecer pessoas e ter a sorte de elas serem simpáticas a ponto de manter uma conversa e legais a ponto de manter uma amizade. Sorte você ter percebido que falava mais com uma amiga sua do que com todos os outros. (...)
(...) Sorte você ter percebido como os olhos dela brilham quando ela está sorrindo. Como o sorriso dela parece iluminar o seu dia, o cabelo dela emoldura seu rosto, ah. Aquele rosto que fica corado quando você a elogia. E então, você acha que foi muita sorte conhecer essa pessoa. Foi muita sorte ter se apaixonado por ela. Foi muita sorte tê-la beijado e ela ter retribuído. Sorte tê-la pedido em namoro e ela, aceitado. Sorte tê-la agora como noiva. Como esposa. Como a mãe de seu primeiro filho. E você nem lembra que sorte que é você estar tendo um filho. Até você vê-lo nascer e vê-lo sorrir. E perceber que, sim. Uma junção de vários momentos de sorte pode ser o motivo do seu sorriso. A razão da sua vida. Afinal de contas, a sorte sempre estará de mãos dadas com o amor. E, mesmo que o azar seja mais frequente do que ela, quando a sorte chega, talvez você consiga um emprego. Ou encontre o amor da sua vida. E então, o tempo vai parar de correr e tudo vai voltar a fazer sentido.



por: Beatriz Rodriguez

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